Ap 3.14-21
14 Ao anjo da igreja em Laodicéia escreve: Estas coisas diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus:
15 Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente. Quem dera fosses frio ou quente!
16 Assim, porque és morno e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca;
17 pois dizes: Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu.
18 Aconselho-te que de mim compres ouro refinado pelo fogo para te enriqueceres, vestiduras brancas para te vestires, a fim de que não seja manifesta a vergonha da tua nudez, e colírio para ungires os olhos, a fim de que vejas.
19 Eu repreendo e disciplino a todos quanto amo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te.
20 Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo.
21 Ao vencedor dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu trono, assim como também eu venci e me sentei com meu Pai no seu trono. 22 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.
1. Introdução
“Quem dera fosses frio ou quente! Assim, porque és morno e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca”.
1.2. Despertar da Mornidão: Um Chamado à Transformação Espiritual
“Quem dera fosses frio ou quente! Assim, porque és morno e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca”.
A passagem acima talvez reporte a exortação mais dura que o Senhor dirigiu a uma igreja ao longo dos séculos.
Devido a sua grande importância e relevância para o nosso século, o entendimento claro e patente do assunto “Laodiceia”, torna-se mandatório para todos os cristãos, pois essa escrita escatológica aplica-se à forma como o Senhor vê a igreja moderna. Mas, apesar disso, não tenho visto essa consciência nos destinatários dessa carta, e, muito menos, a aplicação dos elementos bíblicos que levariam à solução efetiva para o problema lá reportado.
Por isso, resolvemos escrever o “Pequeno Tratado Sobre Laodiceia”, esperando que esse clamor possa ser ouvido se, apesar de cegos ainda não estivermos surdos, de ouvirmos o que o Espírito diz às igrejas.
De maneira alguma a intenção desse tratado tem a presunção de classificar essa ou aquela igreja como Laodiceia. Laodicéia se refere ao “modelo de igreja” dos últimos séculos. Tal proposição se torna justificável em virtude de a aplicação da carta à Laodiceia não se limitar a uma igreja em particular, mas se dirige aos líderes e a toda cristandade deste século, contendo uma reprovação veemente de Deus. Essa situação é agravada pelo fato de que a condição do destinatário é indiscernível pela visão deficiente e humana que possui. Tudo isso desperta em nós uma grande preocupação quanto ao destino de Laodiceia.
O Senhor usa uma analogia nessa passagem com o ato de “vomitar”. E quem não passou por isso pelo menos uma vez? É uma reação violenta, involuntária e incontrolável de nosso organismo quando, por algum motivo, um alimento é rejeitado e precisa ser expulso de nosso corpo. Quando o nosso centro de vômito é acionado acontece uma contração de nossos músculos abdominais e do diafragma, tão forte e violenta que comprime o alimento ingerido no estômago, fazendo-o percorrer o caminho de volta, passando pelo esôfago e sendo liberado pela boca e, às vezes, até pelo nariz. É uma experiência terrível, mas quando isso acontece, sentimos um alívio imediato de ter colocado para fora os elementos nocivos e as toxinas que estavam nos fazendo mal, causando febre e indisposição. Assim, aquela sensação insuportável de mal estar começa a melhorar. Já tentou controlar isso? Normalmente não é possível!
Esse é o efeito ao qual o Senhor se refere quando fala dos resultados que a mornidão espiritual causa.
A urgência de tratar esse assunto é grande, pois, segundo as palavras firmes de Jesus, a situação está realmente grave em relação à dos cristãos do século XXI. O risco de ser lançado fora e suas consequências drásticas merecem nossa atenção.
Mas, quais são as características da mornidão que a identificam como algo tão abominável para Deus? O que vamos fazer agora para aquecer nossa vida espiritual? Temos que começar a subir pelas paredes? Pular como se estivéssemos pisando em brasas? Rodopiar? Dançar? Berrar? Orar articulando trezentas palavras por minuto? Cair no chão? Estrebuchar como serpentes? E muitas outras bizarrices e extravagâncias?
Posso lhe garantir que trocar a mornidão pelo fanatismo é a pior coisa que poderíamos fazer com nossa vida espiritual.
Por isso, o caminho certo consiste em primeiro entender o assunto à que o Senhor se refere exatamente e, depois, à luz da Palavra de Deus, buscar uma solução.
Isso é o que pretendemos fazer neste “Pequeno Tratado sobre Laodiceia” o qual inclui em seu desenvolvimento os seguintes tópicos:
- 1ª Parte – O que torna a mornidão abominável?
- 2ª Parte – O grande problema da Laodiceia: sua Visão divergente
- 3ª Parte – Existe solução para a Laodiceia?
- 4ª Parte – Qual o destino da Laodiceia?
Qual é o problema pertinente à mornidão? É só uma questão de temperatura? O que causa tão forte reação da parte de Deus?
O frio é o mundo e o quente é o reino de Deus, mas o morno o que é? Quando aplicamos esse conceito ao Cristianismo e à mensagem escatológica do Apocalipse, entendemos que o problema da mornidão não envolve apenas a condição da temperatura de um elemento. Porém, principalmente, a causa que provoca essa temperatura intermediária. A mornidão mencionada pelo Senhor em Apocalipse é caracterizada pela “mistura” do quente com o frio, gerando uma categoria identificada pelo Senhor de “morno”: “pois és morno nem és quente nem frio”. Em outras palavras o cristão nem está totalmente no mundo, nem pertence totalmente ao reino de Deus, ele representa uma mistura que tem um sabor insuportável para o Senhor.
Assim, se o “quente” são os valores do reino de Deus e o “frio” são os valores do mundo, a mornidão está relacionada com a realidade de como o Cristianismo do nosso século tem tratado esses opostos.
“A cristandade moderna tem procurado ‘empurrar goela abaixo’ um cristianismo mesclado de valores do mundo com valores do reino de Deus o que, segundo a advertência do Apocalipse, não será aceito pelo Senhor!”
Vemos, nos últimos tempos, uma série paradigmas e princípios seculares, profanos e mundanos sendo absorvidos pela igreja e harmonizados com a vida cristã. Praticamente, pondo fim ao que deveria ser um permanente, inevitável e evidente conflito da igreja com o mundo e seus padrões, como foi desde o princípio da História de Igreja. É visível e patente que os arquétipos do mundo infestam a vida dos cristãos e da igreja, criando uma harmonia com a vida mundana. Essa mistura de princípios discordantes causa uma situação espiritual instável, donde a advertência do Senhor: “estou a ponto de vomitar-te da minha boca”.
“Tg 4.4 Infiéis, não sabeis que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus.”
1.2.1. A mistura da adoração com a idolatria
Os cristãos deveriam adorar ao Senhor e somente ao Senhor, mas suas vidas estão repletas de baalins e terafins. Os tais que eram ídolos, na forma de imagens na antiguidade, continuam, nos nossos dias com outros nomes, porém são os mesmos baalins e terafins. Vemos essa prática nos dias de hoje na forma de:
1.2.1.1. Primeira Atitude: Compres ouro refinado no fogo, para te enriqueceres
Implica abandonar todos os falsos valores que contaminam sua vida. Lance-os fora de seu coração e comece a buscar diligentemente os valores do alto. Coloque em primeiro lugar o reino de Deus e sua justiça e ajuste sua escala de valores para convergir com as prioridades de Deus, mesmo que pareça loucura para o mundo. O preço deve ser pago, pois esse ouro – que é a verdadeira riqueza espiritual – deve ser comprado. Não com dinheiro ou riquezas da terra, mas através de uma busca intensa que vai envolver a sua dedicação, o seu tempo, renúncias, obediência à Palavra, jejuns e muita oração.
1.2.1.2. Segunda Atitude: compres vestes brancas, para que te vistas, e não seja manifesta a sua nudez.
Vestes brancas representam a salvação alcançada pela justiça de Deus, por meio da fé no calvário e de um relacionamento direto com Jesus. E isso não vem dos homens. A salvação provém de um arrependimento genuíno, de uma confissão pública feita com a nossa boca e com a nossa vida que nos torna discípulos de Jesus, o nosso Senhor e Salvador. Portanto, retire tudo o que está entre você e Jesus, firme o seu relacionamento com Ele sem intermediários. Igreja não salva. Pastores não salvam. Somente Jesus é o Salvador. Confesse a Cristo como seu Senhor e Salvador – não apenas da boca para fora – mas vá até as últimas consequências dessa confissão, negando a si mesmo, tomando a sua cruz, e, como discípulo de Jesus, siga-O aonde quer que Ele vá. Em relação ao seu exemplo, na renúncia, adote a santidade como seu princípio de vida.
1.2.1.3. Terceira Atitude: compres colírio, a fim de ungires os teus olhos, para que vejas.
A cegueira está destruindo Laodiceia, mas Jesus tem o colírio eficaz. O cristão precisa enxergar com clareza e entender a Palavra de Deus. Para isso, torna-se imprescindível, imperativo lançar fora todos os pensamentos inúteis, abundantes princípios mundanos – ou seja, centralizados no homem e não em Deus – porque se trata de conceitos fora da Palavra, invencionices e inovações . Todos esses modismos estão cegando os cristãos de nosso século, pois os tais se opõem à Palavra de Deus. A Palavra de Deus deve ser o princípio máximo para sua vida, a luz para os seus pés.
O colírio é a virtude do Espírito Santo interagindo com a Palavra de Deus. Ele lhe dará condições para entender e aplicar essa Palavra na sua vida. Com esse colírio você passará a enxergar e terá o discernimento vindo de Deus. O preço é uma busca sincera e intensa e a renúncia dos falsos valores e conceitos deste século. Todas essas atitudes envolvem e exigem, ao mesmo tempo, que sejam acompanhadas de uma imersão total no reino dos céus e em seus valores. É preciso nos render e nos revestir do Espírito Santo para entendermos os princípios e padrões do reino de Deus. Nós precisamos expandir e crescer no Espírito para entendermos o reino de Deus, e não o contrário, diminuir o seu reino para que ele caiba dentro de nossa mente.
1.2.1.4. Quarta Atitude: Entregue o comando a Jesus.
“Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo”.
Jesus não pode ficar fora do centro de comando de sua vida. Não se trata de você apenas falar em Jesus, cantar, louvar e práticas semelhantes, mas também de entregar “o comando de sua vida”. Responda a pergunta: quem tem comandado sua vida? Quem tem feito os planos para Deus cumprir? Quem toma as decisões? Abra agora a porta de sua vida e do seu coração para Jesus entrar e se assentar no trono e comandar a sua vitória.
Se Jesus é o Senhor, os planos são os dEle, não os seus, os caminhos são os dEle, não os seus. Você é o servo para fazer a vontade de Deus e cumprir os planos dEle. Jamais o contrário, Deus fazendo a nossa vontade e cumprindo os nossos planos. É claro que o preço é a obediência, renúncia e submissão, mas culminará numa maravilhosa e gloriosa vitória.
Toda a esperança de quem se encontra em Laodiceia depende da disposição de ouvir, pois graças a Deus, embora o Senhor tenha considerado o fato de sua cegueira, todavia, não está ainda surda. A esperança apresenta-se com as seguintes condições : ouvir a sua voz e obedecer prontamente o Soberano Senhor – Quem tem ouvidos para ouvir, ouça o que o Espírito dia às Igrejas!
Mas tem outra opção:
- Permanecer no estado espiritual de Laodiceia.
Não compreendeu a mensagem? Tudo isso é um exagero? Só se aplica aos outros? É radicalismo? Minha igreja é excelente e não se encontra no estado de “Laodiceia”?
Bom, permaneça como está, mas deixe-me dizer as consequências.
2. Qual o Destino da Igreja de Laodiceia
Para onde vai Laodiceia? Qual o seu destino final? A sua visão falhou, sua audição falhou, também não atendeu à repreensão, resta apenas o castigo para que alguns possam ainda acordar.
O seu estado espiritual é diagnosticado com precisão, bem claramente. Porquanto, apesar de ela não se ver desse jeito, nas Escrituras ela é reportada com uma patente divergência e assincronia com o Senhor. O seu fim é ser vomitada, lançada fora, rejeitada. Como um membro morto que deve ser amputado. Como um alimento contaminado que deve ser vomitado. Como a virgem despreparada que não chega a tempo às bodas. Ela não pode participar da grande festa e é deixada de fora (como exemplifica a Parábola das Dez Virgens). :
Mt 25:1-13:
Então o reino dos céus será semelhante a dez virgens que, tomando as suas lâmpadas, saíram ao encontro do noivo. 2 Cinco delas eram insensatas, e cinco prudentes. 3 Ora, as insensatas, tomando as lâmpadas, não levaram azeite consigo. 4 As prudentes, porém, levaram azeite em suas vasilhas, juntamente com as lâmpadas. 5 E tardando o noivo, cochilaram todas, e dormiram. 6 Mas à meia-noite ouviu-se um grito: Eis o noivo! Saí-lhe ao encontro! 7 Então todas aquelas virgens se levantaram, e prepararam as suas lâmpadas. 8 E as insensatas disseram às prudentes: Dai-nos do vosso azeite, porque as nossas lâmpadas estão se apagando. 9 Mas as prudentes responderam: não; pois de certo não chegaria para nós e para vós; ide antes aos que o vendem, e comprai-o para vós. 10 E, tendo elas ido comprá-lo, chegou o noivo; e as que estavam preparadas entraram com ele para as bodas, e fechou-se a porta. 11 Depois vieram também as outras virgens, e disseram: Senhor, Senhor, abre-nos a porta. 12 Ele, porém, respondeu: Em verdade vos digo, não vos conheço. 13 Vigiai, pois porque não sabeis nem o dia nem a hora.
Mt 24:40-41 Então, estando dois homens no campo, será levado um e deixado outro; 41 estando duas mulheres a trabalhar no moinho, será levada uma e deixada a outra.
As virgens insensatas da parábola e os que foram deixados em Mt 24 são a mesma Laodiceia de Apocalipse e tiveram que ouvir do Senhor: “Não vos conheço”. Essas passagens reproduzem o destino de Laodiceia.
Mas o que representa isso em termos escatológicos para quem permanecer em Laodiceia? Como fica essa igreja no desenrolar dos eventos do fim, previstos pela Palavra de Deus?
3. Eventos Importantes
Vamos analisar alguns eventos escatológicos e entender a situação de Laodiceia em relação a esses eventos:
3.1 Rapto ou Arrebatamento da Igreja
Como foi antecipado na parábola, essa igreja será deixada no mundo por não estar preparada para encontrar-se com o Senhor. Será um momento de grande pesar para todos que não ouviram a advertência. Só, nessa ocasião de extrema agonia, talvez os seus olhos se abram e possam ver o quanto estavam distantes da vontade de Deus.
3.2 A Grande Tribulação
A Grande Tribulação é um evento real previsto nas Escrituras, como na passagem abaixo.
Ap 3:10 Porquanto guardaste a palavra da minha perseverança, também eu te guardarei da hora da provação que há de vir sobre o mundo inteiro, para pôr à prova os que habitam sobre a terra
Esse evento – hora da provação que há de vir sobre todo o mundo – corresponde a um juízo de Deus sobre o mundo. Entendemos que Deus prometeu guardar os fiéis desse momento terrível, pois o juízo não é para Igreja, mas para o mundo. Porém é obvio considerar que, se a igreja Laodiceia se associou ao mundo e se misturou com ele, então, ela há de passar junto com o mundo por esse juízo. Alguns acham que a Igreja será arrebatada antes dessa tribulação. Há outros cuja compreensão os leva a acreditar na possibilidade de a igreja passar pela Grande Tribulação e só se reunir com Cristo na sua segunda vinda de Jesus visível à terra. Bem, isso dependerá de do estado espiritual de cada um!
Laodiceia não terá o privilégio de ser livre da hora da provação. Portanto, passará por aquele momento de terrível dificuldade que há de vir sobre o mundo. Essa experiência estabelece a dura disciplina de que ela precisará sofrer para abrir os olhos e entender.
3.3 A grande perseguição e a salvação
Nesse período, irá se levantar o Anticristo e muitos sucumbirão durante a grande perseguição que ele vai promover. Esse personagem como o Iníquo, será contrário a qualquer forma de culto, que não a ele mesmo, e até a menção do nome do Senhor Jesus será motivo de decretar a prisão e pena de morte. Os que cederem às suas mentiras perderão para sempre qualquer esperança de salvação. Mas eu creio que alguns acordarão por causa desse evento, abrirão os olhos e se voltarão para Senhor. Porém, sofrerão grandes perdas e uma perseguição que culminará em morte, conforme previsto pela Palavra. Estarão, todavia, dispostos a assumir uma nova atitude e confissão, assim, receberão finalmente suas vestes brancas para estar com o Senhor:
Ap 7:13-14 E um dos anciãos me perguntou: Estes que trajam as compridas vestes brancas, quem são eles e donde vieram? 14 Respondi-lhe: Meu Senhor, tu sabes. Disse-me ele: Estes são os que vêm da grande tribulação, e levaram as suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro.
4. Conclusão
Sem dúvida, a melhor atitude é ouvirmos o que o Senhor está falando por meio da sua Palavra e responder com ações concretas para mudar nossa vida e a vida da igreja. Não existem renúncias tão difíceis a ponto de não podermos fazê-las agora. Além disso, todas serão compensadas pelo grande livramento e glória que o Senhor dará àqueles que estiverem preparados.
“Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igreja”
2Pe 1:20-21 sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação. 21 Porque a profecia nunca foi produzida por vontade dos homens, mas os homens da parte de Deus falaram movidos pelo Espírito Santo.




